Sunday, December 11, 2005

O QUE DIZ O POSFÁCIO DO LIVRO DE PETRA RAMALHO SOUTO


Duas gatinhas (ao tempo, dizia-se brotinhos)
de biquíni observam Nelson Rodrigues passeando de
terno na calçadinha da praia de Copacabana, no Rio
de Janeiro. [Esta foto, que serviu de base para a composição
da capa do livro de Petra Ramalho Souto, é de autoria de Amiucci Gallo/Abril Imagens
]

O POSFÁCIO DO LIVRO DE PETRA

Para o Posfácio do livro de Petra sobre as mulheres de Nelson Rodrigues, o escritor, jornalista e editor Evandro da Nóbrega escreveu, a pedido da Autora, o seguinte texto:

A pedrinha que adoramos ter no sapato

Evandro da Nóbrega
escritor, jornalista, editor
[evandro.da.nobrega@gmail.com]


Quando a gente diz que Petra Ramalho Souto vive numa roda-viva, ela nos olha candidamente incrédula, em clara reprovação. Mas é isto aí. Não se sabe como acha tempo, energia para dar conta de tantas atividades simultâneas. Apenas larga a sorridente incredulidade para tornar-se algo brava, impaciente, quando, lápis e papel à mão, ou enumerando nos dedos, tentamos contabilizar seus projetos pessoais e coletivos, lado a lado com outras múltiplas facetas: Mestra em Teoria Literária, escritora, jornalista, articulista, entrevistadora, crítica de Teatro, teatróloga em processo de ser dramaturga, atriz, professora de inglês, docente de Literatura Inglesa, bailarina, declamadora — e até cantora, se instada.


Leiam o abaixo, please, a ver se concordam conosco. Dará vertigens em seres mais acomodados acompanhar a trajetória da aparentemente frágil Petra pelas cenas intelectuais e artísticas de João Pessoa, Campina Grande, Florianópolis, Brasília, Niterói, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife, Natal, Anitápolis... E ainda encontra brechas nas multicordas de seu intracósmico espaço-tempo para organizar e apresentar, com ou sem a amiga Suzy Lopes, saraus literários para o Empório Café, o Bar Mr. Caipira, o Parahyba Café, o Bar Palafita e outras inefáveis caves de nossos poetas & seresteiros.


Face a essa miríade de qualificações, é justo que os mais antigos, como o degas aqui, passem-lhe o bastão e lhe abram caminho — que a moça ainda tem muito o que oferecer à Cultura paraibana. Tal figura ímpar é quem lança este livro, As mulheres de Nelson: representações sociais das mulheres na obra dramática de Nelson Rodrigues, pela Editora Idéia, de Magno & Marcus Nicolau.

Petra Ramalho Souto nasceu a 2/12/1976, em João Pessoa, PB, filha dos queridos Petrônio Souto (jornalista) e Sânia Ramalho Souto. Alfabetizou-se na Escolinha de Arte Livre, onde aprendeu a arrumar as letras, já de forma lúdica e criativa, com a mestra/amiga Neusy Diniz. Aos 16 anos — enquanto se aperfeiçoava na Escola de Dança do Espaço Cultural “José Lins do Rego”, orientada por Rosa Cagliani —, iniciou estudos secundários na Escola Técnica Federal da Paraíba, atual Centro de Federal de Tecnologia (CEFET). Por influência da formação técnica, ingressaria no curso de Física do Campus I da UFPB, de que fez um ano, antes de se passar com armas, bagagens e entusiasmo para o curso de seu coração, Letras/Língua e Literatura Inglesa, graduando-se em 2000.

Em Florianópolis, iniciou Pós-Graduação em Psicologia Social. Voltou à capital paraibana em 2002 e se inscreveu no Mestrado em Teoria Literária da UFPE, aí pesquisando a dramaturgia de Nelson Rodrigues. Foi sua dissertação de Mestrado — concluída em 2004, aprovada com louvor e ora modificada para fins de publicação — que se tornou o livro que o leitor tem em mãos.

Iniciou-se em 2002 na prática teatral, participando de cursos e workshops com atores e grupo teatrais locais, nacionais e estrangeiros. Ao longo dos anos — construindo coisas aqui, ali e acolá, calma mas incansavelmente —, prosseguiu seu aperfeiçoamento em Teatro e atualmente exercita suas habilidades de improvisação no bar Mr. Caipira, durante os saraus do Projeto Literarte Musical, que promove juntamente com o jornalista Linaldo Guedes.

Entre outros cargos, exerce hoje os de diretora de Programação Cultural da Fundação Casa de José Américo; coordenadora do NEC-PB (Núcleo de Estudos Canadenses da Paraíba); e coordenadora geral do NEAC (Núcleo de Estudos e Atividades Culturais “Frida Kahlo”, em João Pessoa).


Entre suas atividades teatrais, contam-se trabalhos como atriz do grupo “Grupo Experimental de Teatro do Núcleo de Teatro Universitário” da (UFPB), atriz estagiária do Grupo Teatral Contratempo e autora/diretora/atriz do espetáculo Fragmentos de Frida, realizado pelo Grupo Teatral Bacantes da Philipéia e indicado à premiação nas categorias “Melhor Texto”, “Melhor Maquiagem” e “Melhor Iluminação” no I Encontro Paraibano de Monólogos do Nordeste (João Pessoa, 2004).


No cinema, atuou como diretora de arte do curta-metragem Alma, de André Morais (2004), e atriz coadjuvante nos filmes Verme na alma, de Torquato Joel (1998), e Funesto de Carlos Dowling (1999).


Como bailarina participou dos Grupos de Dança Contemporânea da UFPB, dirigido por Guilherme Schulze, e do “Grupo de Dança e Improvisação/Vidança” da UFSC, liderado por Luciana Fiamoncini. Fez parte de comissões organizadoras de eventos, como o workshop
Managing ESP Approach in Large Classes” (UFPB, 1997), I Jornada Paraibana de Pesquisa em Língua Estrangeira (UFPB,1998), “50 anos sem Frida” (UFPB/Parahyba Café, 2004), “Festejando as Artes Plásticas” (João Pessoa, 2005) e “Centenário de Anayde Beiriz” (Sebo Cultural, João Pessoa, 2005).


Apresentou trabalhos científicos em eventos nacionais e internacionais, a exemplo do V Seminário Internacional de História da Literatura (PUC-RS, Porto Alegre, 2003); X Seminário Nacional Mulher & Literatura/I Seminário Internacional Mulher & Literatura (Hotel Ouro Branco, João Pessoa, 2003); VIII Congresso Internacional ABRALIC 2002: Mediações (UFMG, Belo Horizonte, 2002); e II Jornada Interacional sobre Representações Sociais (Florianópolis, 2001).


Dentre artigos publicados em livros, citem-se “As mulheres de Nelson: Leitura d'Os sete gatinhos” (in MACIEL, Diógenes André Vieira, ANDRADE, Valéria. Por uma militância teatral: estudos de dramaturgia brasileira do século XX, Campina Grande: Editora Bagagem, 2005); e “A professora em foco: A categoria professora nas representações sociais de licenciandas em Pedagogia” (in ANDRADE, Fernando César B. de, SANTOS, Carmen Sevilla G. dos. Representações sociais e formação do educador: revelando intersecções do discurso, João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2003), este escrito em parceria com seus orientadores e colegas bolsistas.


Como jornalista, tem atuado sobretudo em A União e no Correio das Artes, escrevendo artigos, publicando entrevistas com grandes nomes locais e nacionais (Lourdes Ramalho, Zezita Mattos, Pedro Paulo Rangel, entre outros).


Escolheu a dramaturgia de Lourdes Ramalho como objeto de estudo para sua próxima empreitada: o Doutorado em Teatro.

Ufa!

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